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Episódio 4: O Jogo Começa

Kátia não conseguiu dormir. A lembrança do toque, do olhar intenso de Clara, e das palavras carregadas de promessa martelava-lhe a mente. O calor daquela noite parecia ter-se entranhado na sua pele, e por mais que tentasse afastar os pensamentos, eles voltavam, mais fortes e intensos.


Na manhã seguinte, enquanto ajustava os óleos e organizava a sala, sentiu o telemóvel a vibrar na bancada, uma mensagem tinha chegado.


Clara: Ainda a pensar em mim? Eu não consigo tirar-te da cabeça. Que tal um café hoje? Ou algo mais interessante?


Kátia respirou fundo, sentindo o coração disparar. Era loucura. Tudo aquilo era errado, perigoso. Mas ao mesmo tempo, irresistível. Contra todos os seus instintos, os dedos dela começaram a digitar:


Kátia: 18h, no café ao lado da clínica. Não me faças esperar.


O dia passou num piscar de olhos, e quando o relógio marcou 17h50, Kátia já estava sentada numa mesa discreta no fundo do café, as mãos estavam a apertar a chávena de chá quente. A ansiedade misturava-se com uma excitação que ela não conseguia controlar.

Poucos minutos depois, Clara entrou. Estava deslumbrante, como sempre, mas havia algo mais naquele dia. O brilho no olhar era mais intenso, como se tivesse vindo preparada para derrubar qualquer barreira restante.


— Não sabia se vinhas — disse Clara, deslizando para a cadeira à frente de Kátia.

— Também não tinha a certeza... — respondeu Kátia, evitando o olhar direto, mas sentindo-se puxada por ele mesmo assim.


Clara sorriu, aquele sorriso lento e calculado. — Estou contente que tenhas vindo. Precisamos de terminar aquela conversa.

— Que conversa? — Kátia perguntou, sabendo perfeitamente a que se referia.


Clara inclinou-se ligeiramente sobre a mesa, diminuindo a distância entre elas. — Sobre fantasias. A tua... e a minha.


As palavras foram um sussurro, mas carregavam peso suficiente para fazer o ambiente parecer mais quente. Kátia sentiu o rosto corar, e as mãos tremiam ligeiramente ao pousar a chávena.


— Clara, não sei se...

— Shhh... — Clara interrompeu, colocando a mão suavemente sobre a de Kátia. — Não precisamos decidir nada agora. Vamos apenas conversar... imaginar.


O toque era delicado, mas despertou um arrepio que percorreu todo o corpo de Kátia. Olhou em volta, certificando-se de que ninguém prestava atenção, mas o café estava relativamente vazio, apenas com algumas pessoas distraídas nos seus próprios mundos.


— E o que imaginas, Clara? — Kátia arriscou perguntar, quase num sussurro.


Clara riu baixinho, um som que parecia ecoar diretamente nos sentidos de Kátia. — Imagino como seria sentir-te sem barreiras, sem medos. Como seria explorar cada centímetro da tua pele, descobrir o que te faz perder o controlo, o que te faz arrepiar.


Kátia sentiu falta de ar por um instante, as palavras de Clara infiltrando-se nos recantos mais escondidos da sua mente. A verdade era que, desde aquela primeira massagem, ela já imaginava o mesmo.

Mas antes que pudesse responder, Clara levantou-se, puxando a cadeira para trás devagar. — Vem.

— Para onde? — Kátia perguntou, confusa.

— Não vamos decidir nada num café. Quero mostrar-te algo.


Clara estendeu a mão, e Kátia hesitou apenas por um segundo antes de aceitá-la. O toque era quente, firme, e enquanto Clara a conduzia para fora do café, Kátia sentiu como se estivesse a ser levada para algo inevitável.


A noite tinha começado, e com ela, o jogo entre as duas estava prestes a atingir um novo nível.



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